Desde a década de 70 vêm sendo publicados alguns estudos acerca do excesso de exercícios físicos, o qual recebeu vários nomes como dependência positiva, pelo fato da atividade física proporcionar alterações físicas e psicológicas benignas; vício negativo, por causar danos tanto externa como internamente ao corpo; e dependência ao exercício físico, por ser considerada semelhante aos demais tipos de dependência.
A dependência ao exercício físico é caracterizada por: estreitamento do repertório, levando a um padrão estereotipado de exercícios uma ou mais vezes por dia; ênfase nos exercícios físicos, colocando- o acima de outras atividades; aumento da freqüência dos treinos com o passar do tempo; sintomas de abstinência relacionados ao humor (estresse, depressão e ansiedade, por exemplo) quando interrompida a prática de exercícios; consciência subjetiva da compulsão pelos treinos; Também são outras características relacionadas à dependência: o indivíduo, mesmo quando lesionado, doente ou com alguma contra indicação médica, mantém a freqüência de seus treinos, e isso acaba afetando suas relações sociais; a pessoa passa a seguir uma dieta de emagrecimento, visando melhorar o desempenho, podendo até fazer o uso de anabolizantes e esteróides. O consumo destas substâncias pode causar problemas cardiovasculares, lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior propensão ao câncer de próstata.
OVERTRAINING/SET- síndrome do excesso de treinamento. De acordo com a literatura médica seus sintomas são associados ao treinamento de sobrecarga, ou overreaching, o qual se refere ao treinamento pesado, durante alguns dias, seguido de um curto tempo de descanso que seria essencial nesse caso. A homeostase fisiológica corporal precisa ser estimulada por treinamento intenso para que a capacidade de desempenho possa ser melhorada. Esse processo é chamado de supercompensação. Muitos dias de treinamento intenso são seguidos por alguns dias de treinamento leve e descanso para que se alcance a supercompensação e o ápice do desempenho. É essencial que se reconheça o tempo necessário para a supercompensação. Se um atleta não se adaptou antes que um novo estímulo seja dado, um desequilíbrio progressivo e maior ocorrerá. A conseqüência disso é o overreaching, que se trata de um conjunto de sintomas transitórios que são diagnosticados através de exames.
A síndrome do excesso de treinamento afeta uma considerável porcentagem de indivíduos envolvidos em treinamento intenso. A SET é definida como um distúrbio neuroendócrino ( hipotálamo- hipofisário) que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a capacidade funcional, podendo ser agravado por uma inadequada recuperação, acarretando decréscimo no desempenho desportivo e atlético, incidência de contusões, mudanças neuroendócrinas e imunológicas, dentre outros sintomas. Este conjunto de manifestações clínicas resulta em fadiga central pela incapacidade do Sistema Nervoso Central em atender às demandas do excesso de exercício. As principais alterações hormonais que ocorrem são o aumento do cotisol sérico (ação catabólica) e a diminuição da testosterona (ação anabólica); percebem- se também alterações na tolerância à glicose.
O repouso prolongado é o único tratamento efetivo, e a prevenção é a maneira mais eficiente de se evitar a manifestação da síndrome. Como ainda não existem marcadores fisiológicos ou biológicos objetivos que permitam um diagnóstico precoce do quadro, o uso de instrumentos que possibilitam medidas de estados de humor tem demonstrado eficácia na detecção de sinais iniciais da síndrome do excesso de treinamento, possibilitando e prevenindo seu desenvolvimento completo.
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