terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O desafio da altitude - 1


Foi durante a conquista dos Incas, no Peru, que os espanhóis perceberam que a alta altitude poderia influenciar no funcionamento normal do organismo de pessoas acostumadas a viverem no nível do mar. Séculos depois, Jourdanet e Bert começaram estudos científicos sobre a efeitos no homem em altas altitudes e pressão barométrica baixa. São poucas as dúvidas sobre o homem conseguir se adaptar em ambientes hostis de pouco oxigênio, pois prova disso é o grande número de populações que vivem em altas altitudes.
Fig.1- Homem tibetano.

Estudos mostraram que os tibetanos tem menos oxigênio em seu sangue do que outros povos, eles têm dez vezes mais óxido nítrico e o dobro do fluxo de sangue em seus antebraços do que povos que vivem em altitudes baixas. O óxido nítrico causa a dilatação dos vasos sanguíneos, permitindo que o sangue flua com maior rapidez às extremidades, e facilitando a liberação de oxigênio para os tecidos. Como resultado da adaptação do organismo à região, os tibetanos não demonstram vasoconstrição pulmonar com a falta de oxigénio e mantêm um metabolismo aeróbio normal.
Praticas esportivas em ambientes de alta altitude vem se tornando mais comum com o tempo, como o montanhismo, o alpinismo e o esqui e elas podem levar a uma exposição prolongada ou esporádica a ambientes de hipoxia hipobárica e agredir o organismo causando problemas como Doenças ou Males de Altitude (altitude sickness).
O mal da altitude nada mais é senão a dificuldade do organismo em absorver oxigênio devido a baixa pressão parcial de oxigênio (PO2), pois conforme a altitude vai aumentando o ar atmosférico vai diminuindo e conseguir O2 a partir dele vai se tornando um processo mais difícil. Com isso, temos que respirar mais para conseguir absorver a mesma quantidade de O2 de quando estamos ao nível do mar. Isso gera uma sensação de falta de ar, ou, como se não fosse possível aspirar.
A baixa disponibilidade de oxigênio para os tecidos orgânicos resulta na Hipoxia, que é o metabolismo em baixa oxigenação. O oxigênio chega as células através de funções agregadas do aparelho respiratório, cardiovascular e sistemas hematológico que ajudem a passagem de moléculas de gás a partir da atmosfera para os tecidos. Quando os tecidos recebem uma quantidade precária de oxigênio, uma situação de hipoxia é instalada. Como o ar é compressível, o número de moléculas de gases que ele contém é maior em baixas altitudes e a pressão barométrica, que depende da concentração molecular do ar, assim também diminui com o aumento da altitude. O principal problema da hipoxia de altitude elevada é que o oxigênio do ar em alta altitude é menos concentrado e está em uma pressão menor do que na baixa altitude.
Fig. 2- Hipoxia a nível celular. [imagem grande, copiar o link e colar no navegador]




Sintomas de Hipoxía de altitude elevada
Os sintomas incluem: falta de ar, desconforto respiratório, cansaço físico e mental, pulsação rápida, sono interrompido, dores de cabeça e intensificada por atividade. Pode ocorrer também algumas ligeiras pertubações digestivas e em alguns casos uma visível perda de peso. Em altitudes acima de 4500 m pode ocorrer uma diminuição da agilidade visual, menstruação dolorosa e sangramento das gengivas. Alguns efeitos podem ser evidente em 1500 m. Acima de 3000 metros os efeitos fisiológicos tornam-se cada vez mais evidente e inevitável aos limites fisiológicos da tolerância humana.
Fig 3. - No Everest, ponto mais alto do planeta, a mais de 8000 metros, a pressão é menor que 1/3 de uma atmosfera. Nessa altitude, só com máscara de oxigênio. Os animais que vivem nas altas montanhas têm coração e pulmão maiores que o normal dos outros bichos. A vicunha, por exemplo, que vive nos Andes, tem 3 vezes mais glóbulos vermelhos por milímetro cúbico de sangue que um homem do litoral.

Referências Bibliográficas:

  • Frisanch, A. Roberto . Functional adaptation to high altitude hypoxia [carta]. Scienc. 1975. Disponível em: http://courses.csusm.edu/lbst361bby/~DATA/~EVEREST-site/3_MEDICAL/studies/75_SCI_Hypoxia.pdf;
  • Magalhães, J. Duarte, J. Ascensão, A. Oliveira, J. Soares, J. O desafio da altitude. Uma persepctiva fisiológica [carta]; Faculdade de Ciências do Desporto de Ed. Física - Univerisade do Porto, Portugal. 2002;
  • CLAUDE LENFANT, JOHN TORRANCE, EUGENIA ENGLISH, CLEMENT A. FINCH. Effect of Altitude on Oxygen Binding by Hemoglobin and on Organic Phosphate Levels [carta]. From the Departments of Medicine and of Physiology and Biophysics, University of Washington School of Medicine, Seattle, Washington 98105, and the Faculty of Medicine, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, Peru. 1968. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC297436/;
  • Jorde, Lynn. Genes tibetanos dão mais resistência à altitude [internet]. Ciência Hoje. 2010 [10/01/2010]. Disponível em: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=42598&op=all



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